Direitos por linhas tortas
Em Setúbal, as crianças de quatro infantários serviram de canal de distribuição para a propaganda pelo “não”. O padre Miguel Alves, responsável pela direcção dos infantários, não compreende as críticas que lhe são feitas e a polémica que se gerou.
O padre Miguel Alves representa um certo tipo de pessoas que defendem a vida – o direito à vida. Certamente, ficam chocadas com os abortos e jamais pretendem ver despenalizada esta prática. Mas o direito das crianças, palavra que lhes enche a boca para falar de fetos de dez semanas, de não serem instrumentalizadas e transformadas em canal de distribuição de propaganda não lhes merece tanta atenção. O direito dos pais de não verem os seus filhos arregimentados para um acto de campanha passa-lhes inteiramente ao lado.
Para estas pessoas, as ideologias são mais importantes do que as pessoas. Os fins justificam os meios. A vida que eles defendem escreve-se com minúsculas e baseia-se apenas numa abstracção.
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