Thursday, August 16, 2007

A responsabilidade por um crime pertence inteiramente aos seus autores. Mas os erros sucessivos que levaram a este clima de instabilidade no Iraque e aos massacres diários têm outros responsáveis. São as mesmas pessoas que não só mentiram para justificar uma guerra, como nem sequer souberam planear decentemente a sua intervenção, de forma a impedir o florescimento da violência que se previa com facilidade. O sangue não lhes suja as mãos, demasiado ocupadas a assinar contratos.

Que nome se dá a uma sociedade que vive num receio constante de ser vítima de atentados terroristas? A esta pergunta já alguém respondeu, em tempos, Israel. Hoje, cada vez mais, a resposta a essa pergunta é, evidentemente, Iraque.

Wednesday, August 15, 2007

Diagnóstico

Felizmente, os problemas do Benfica são facilmente identificáveis e resumem-se a três: o seu presidente, o seu treinador e a sua equipa.
A minha preferência para a ordem de prioridades passa por transformar, o mais cedo possível, o Santos num mártir. O resto virá a seu tempo.

Prognóstico

Pela amostra de ontem, esta época o futebol do Benfica vai ter a mobilidade e a imaginação de um menir.

Tuesday, August 14, 2007

A cidade

Pois, há quem goste de chegar cedo, reservar, correr, rezar. Eu gosto de atravessar a rua e sentar-me. É a diferença entre gostar do bulício da cidade e gostar da cidade. Até porque as cidades estão muito longe de se esgotar no seu bulício.

Sangue e suor

Um grupo de investigadores desenvolveu uma pilha que funciona com sangue e suor humano. Curiosamente, estava convencido que algo semelhante já existia pelo menos desde a revolução industrial e que se chamava assalariado.

Monday, August 13, 2007

Lies, damned lies and statistics

Caricaturalmente, costuma dizer-se que existem três tipos de mentiras: mentiras, malditas mentiras e estatísticas. A estatística, que tem vindo a ganhar popularidade como ferramenta essencial das ciências sociais, pertence, de facto, ao ramo de conhecimento das matemáticas. Como não existe a tradição de apelidar de mentirosa a disciplina da matemática, deve entender-se que a desconfiança perante a estatística advém sobretudo da má fama das ciências sociais e que estas duas decorrem do desconhecimento geral sobre os fundamentos quer da primeira quer das segundas.

O governo divulgou recentemente os tempos de espera na Saúde. No Zero de Conduta, o Pedro Sales notou não só que existe uma diferença entre falar de tempo médio de espera e tempo mediano de espera, mas também que o cálculo do segundo tem sido claramente favorável ao Ministério da Saúde.

A média é talvez o conceito estatístico mais divulgado. Contudo, a média é um indicador muito sensível a valores aberrantes. Por esse motivo, sempre que se detectem esses casos, é aconselhável trabalhar com a média aparada a 5%, da qual se excluem os valores superiores e inferiores, trabalhando-se exclusivamente os restantes. É importante perceber que a média, tal como a mediana, é uma medida de tendência central, sendo essa a razão pela qual se reduz a distorção introduzida pelos valores extremos no cálculo da média recorrendo à média aparada.

Por seu lado, a mediana é o valor da sucessão que tem tantas observações à sua esquerda como à sua direita. A mediana ignora, de facto, o peso dos valores aberrantes e pode servir como uma medida de tendência central mais rigorosa do que a média.

Mas, se em termos estatísticos isto é verdade, em termos políticos, técnicos e humanos existe uma outra vertente a ser considerada. Não nos podemos esquecer que estamos a falar de tempos de espera no acesso a um cuidado de saúde. Os valores aberrantes, que podem ser tempos de espera muito longos ou muito curtos, são, nesta óptica, muito relevantes. Neste caso, o tempo de espera muito curto deveria ser o objectivo do sistema, pelo que são os tempos de espera muito longos que assumem maior importância, pois correspondem a casos clínicos concretos, a utentes do SNS, pessoas com um nome, uma família e um problema de saúde por resolver.

A estatística não devia ser uma arma de arremesso em guerras políticas, nem um meio de tornar mais opaca a realidade – ao arrepio da sua primordial função que é dá-la a conhecer da forma mais transparente possível. Num mundo ideal, existiria uma ética na divulgação deste tipo de dados, fornecendo a maior informação possível e deixando que a discussão pública decorra a partir de bases firmes. E o governo sempre se poupava às acusações de andar a escolher os indicadores que lhe são mais convenientes.

Friday, August 10, 2007

Podem tirar o João Marcelino do Correio da Manhã, mas não podem tirar o Correio da Manhã do João Marcelino

...ou Grandes momentos da imprensa nacional

Na edição de hoje do DN:

Pág 4 e 5 – PJ aperta o cerco à Praia da Luz e reforça buscas
Pág. 12 – “El Solitario” queixa-se de abusos sexuais na cadeia; Rapazes eram assediados sexualmente pela Net e SMS; Minstério Púlico de Lisboa está a receber menos crimes
Pág. 13 – Acidente mata família de emigrantes em França
Pág 18 – Assaltadas duas agências bancárias em Cerveira e Vizela; Bombeiro morreu em estrada de alto risco; Carro incendeia-se na A4; Homem colhido por comboio; Incêndio destrói armazém; Trio armado assalta loja; Assaltou bomba de gasolina
Pág. 19 – PJ atenta aos assaltos a McDonald’s do Norte; Centenas de amigos na despedida de Joel
Pág. 20 – GNR desconfia de organização nos assaltos a autarquias locais; Tinha plantação de droga num anexo da casa da mãe; Detido homem que “fabricava” armas ilegais; Discussão leva polícia a disparar sobre condutor
Pág. 21 – Atiram carro contra porta do Almada Forum; Cinco encapuzados assaltam posto dos CTT; Detido por violar prisão domiciliária; Homem preso com quase 200 munições; Bombeiro ferido em combate a fogo

Post anual

Não há mês como Agosto para se gostar de Lisboa.

Wednesday, August 08, 2007

A leste da democracia

O presidente é o antigo primeiro-ministro. O primeiro-ministro é o antigo presidente - com o pormenor de não ter ganho as eleições. A estabilidade é muito bonita. O respeito pela vontade dos eleitores pode ficar para mais tarde.