Os derrotados
O PSD e o PP perdem em toda a linha. O PSD perde por ter apoiado um candidato que mais tarde se viu não merecer confiança. Perde por ter tardado em retirar-lhe a confiança política. Perde por ter registado o pior resultado eleitoral de sempre em Lisboa. Perde por ter passado a terceira força política. E perde por ter à sua frente, em segundo lugar, precisamente a lista que de Carmona Rodrigues. Não há milagre que salve Marques Mendes. Mais do que a derrota de Fernando Negrão, esta foi a derrota da liderança social-democrata em Lisboa.
Por seu lado, o PP paga o preço da estratégia de poder partidário de Paulo Portas e dos seus acólitos, assim como o afastamento de Maria José Nogueira Pinto, que, concorde-se ou não com o seu posicionamento político, é tida por pessoa séria e responsável. O PP encontra-se, assim, numa posição muito ingrata. Se os resultados de Lisboa levarem a um novo congresso, é impossível não ver nisso uma derrota claríssima de Portas e um desfasamento muito grande entre o seu estilo e a sensibilidade do eleitorado. Se a direcção optar por se manter em funções, arrisca-se a continuar a registar derrotas inéditas e a depauperar a sua base eleitoral, tanto ao nível local, como ao nível nacional.
Mas se a história política recente nos ensina alguma coisa em relação ao PP de Portas é que não existe cenário que o populismo e a sede de protagonismo desta liderança não consigam distorcer à sua medida. Se nada em Marques Mendes pode mantê-lo na liderança do PSD por muito mais tempo, Portas já mostrou que a sua criatividade e desrespeito pelo bom senso e inteligência do eleitorado conhecem outros limites.
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