Thursday, October 05, 2006

Encontra-se em discussão pública uma proposta para alterar o Serviço de Urgências. Segundo os critérios da comissão encarregue de elaborar a proposta, o novo modelo racionaliza os recursos existentes e estabelece valores de tempo de acesso a um ponto do Serviço de Urgência mais baixos, aproximando-se dos valores de referência internacionais.

Contudo, as quase 40 páginas da proposta conseguem não referir uma única vez os tempos de espera médios em cada Serviço de Urgência. Ou seja, prevê-se quanto tempo levam os doentes a chegar ao serviço, mas não se menciona quanto tempo esperam para ser efectivamente atendidos. Como é bom de ver, prestar atenção a uns e não a outros é completamente desprovido do mais básico bom senso.

Por outro lado, ao afirmar-se a racionalização dos recursos como um dos objectivos prioritários, parece estranho, no mínimo, que não se refiram as implicações económico-financeiras desta proposta. De facto, parece existir uma preocupação em depurar a proposta de tudo o que a possa apresentar como uma medida de carácter economicista. A ausência destas referências é tão notória que acaba por suscitar maior curiosidade, e dúvida, do que se elas lá constassem.