Thursday, September 07, 2006

O cristianismo gnóstico característico dos primeiros séculos da nossa era caracterizou-se por uma forte componente de diversidade e complexidade. Dos diferentes mitos de criação do mundo que os gnósticos professavam, alguns deles descreviam a criação do universo como um erro cósmico que teria tido origem nas acções de uma entidade divina – a Sabedoria – subordinada ao verdadeiro Deus.
Por seu lado, o livro do Génesis, adoptado como escritura sagrada pelo judaísmo e pelo cristianismo, relata um mito com algumas semelhanças. A desgraça de Adão e Eva dá-se após Deus descobrir que provaram o fruto da árvore da ciência do bem e do mal; e é por possuírem esse conhecimento que são castigados com a expulsão do paraíso.
As religiões cumprem, entre outras, a importante função de criar um conjunto pré-ordenado de imperativos morais. Isto pode ser bastante útil, uma vez que é bastante mais fácil cumprir e fazer cumprir um mandamento emanado por Deus do que gastar tempos indeterminados a fundamentar a sua justiça.
Por muito que se possa discordar das visões do mundo que as religiões têm para oferecer ou do seu proselitismo, a liberdade religiosa é hoje, justamente, um direito inquestionável. Mas, apesar disso, não deixa de ser conveniente desconfiar de credos que parecem guardar tantas reservas contra os caminhos autónomos para o conhecimento.