No actual contexto de políticas organizacionais, as avaliações de desempenho são dadas como um valor seguro. Mais ainda se os serviços em causa cumprem uma das funções primordiais de qualquer sociedade como é a da educação. O problema das avaliações reside, mais que tudo, nos critérios e nos instrumentos de avaliação. No fundo, discernir com rigor quem avalia, o que avalia e como avalia.
Pedir que os pais avaliem o desempenho dos professores é uma ideia que reúne as suas vantagens, se for devidamente enquadrada. Não faltam exemplos de teorias sobre o sistema educativo que defendem a participação dos pais na vida escolar e chegam mesmo a existir orientações legislativas nesse sentido. Porém, esta, como tantas outras questões, não se resolve por decreto. Os pais não se envolvem no meio escolar apenas porque o Ministério da Educação assim o pretende. E sem este envolvimento prévio, não é possível esperar que a sua participação num processo de avaliação garanta qualquer resultado fiável. Assim, apesar de a ideia não ser de todo descabida, sem a garantia do cumprimento de alguns pré-requisitos indispensáveis, apenas estão a ser dados passos num terreno que não oferece bases de sustentação adequadas.
Garantir um envolvimento prévio mais activo dos pais na realidade escolar seria um caminho mais seguro para alcançar resultados que possam ser reintroduzidos no sistema de ensino para o melhorar. Não só tendo em vista uma hipotética avaliação do desempenho dos professores por parte daqueles, mas, sobretudo, para transformar as escolas em locais de partilha de conhecimento e informação entre os agentes envolvidos na socialização das crianças. Mas convém ter presente que essa participação e essa partilha dependem tanto dos próprios pais como das diversas condições que lhes são oferecidas para aceder a essa participação, sendo, por isso, mais do que um problema exclusivo do sistema educativo, um problema da nossa sociedade e dos seus traços sociais, culturais e económicos dominantes.
O sistema educativo merece uma avaliação séria e rigorosa, o que se apresenta como uma tarefa bastante complexa. Tal avaliação tem de equacionar o ensino no seu todo, como sistema continuado e projecto estruturante, nas suas diversas partes, como subsistemas com particularidades próprias, e, finalmente, em tudo o que diga respeito aos seus agentes, como realidade última da operacionalização das políticas de ensino. Avaliar uma das componentes sem considerar as restantes tem tanto de injusto como de perigoso. Dessa visão parcial, e forçosamente redutora, retirar-se-ão conclusões também elas parciais e redutoras, que não podem ditar mais do que medidas que, em rigor, ninguém poderá garantir que correspondem às reais necessidades do ensino.
Thursday, June 01, 2006
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