Estranho a publicidade gratuita ao Código Da Vinci – em livro e em filme – a que algumas organizações religiosas se prestam com os seus protestos. Mas, mais do que isso, estranho que não consigam separar uma investigação histórica minuciosa de uma especulação utilizada num produto literário de qualidade menor. Para além disto, é ainda sintomático da mentalidade que domina certos meios religiosos, ainda que, felizmente, não todos, a recomendação para que não se assista ao filme, a qual parece não reconhecer autonomia aos seus fiéis para fazerem um juízo por si próprios.
O Código Da Vinci, como produto artístico/comercial, não coloca em causa os fundamentos da religião católica. No entanto, os Evangelhos gnósticos, não incluídos na Bíblia, possuam relevância suficiente para levantar muitas questões sobre os fundamentos desses produtos puramente humanos que são as Igrejas. Mas sobre esses temas de grande interesse, sob variados pontos de vista, que são o surgimento dos cristianismos e das suas Igrejas, a sua multiplicidade nos primeiros anos da nossa era, a luta ideológica e a subsequente hegemonia do que mais tarde se veio a conhecer como Igreja Católica pouco de fala. Porventura, na maioria dos casos, por desconhecimento. Noutros, certamente por conveniência.
Wednesday, May 10, 2006
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