"A vida do passado no presente conhece, para além das modalidades da testemunha e do historiador, a do comemorador. Tal como a testemunha, o comemorador é movido sobretudo pelo interesse; mas, como o historiador, produz o seu discurso no espaço público e apresenta-o como estando dotado de uma verdade irrefutável, longe da fragilidade do testemunho pessoal. No seu caso, fala-se por vezes de 'memória colectiva', embora essa designação, como observou por diversas vezes Alfred Grosser, seja embaraçante: a memória, no sentido dos vestígios mnésicos, é sempre e exclusivamente individual; a memória colectiva não é uma memória mas um discurso que evolui no espaço público. Esse discurso reflecte a imagem que uma sociedade ou um grupo no seio de uma sociedade pretende dar de si mesmo."
Tzvetan Todorov, Memória do Mal, Tentação do Bem
Thursday, January 05, 2006
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