Friday, April 27, 2007

Sr. Sousa

Não existe nenhum call center para onde se ligue e que não insista em tratar-nos pelo nosso nome. Diz nuns manuais que isso melhora a relação com o utente. Nem todos, mas adiante. Quando me perguntam com quem estão a falar eu respondo com os meus primeiro e último nomes: Miguel Silva. Com uma frequência assustadora, do outro lado a conversa costuma continuar: “Muito bem, senhor Miguel Sousa…”.
A quantidade de vezes que me trocam o Silva pelo Sousa é tão grande que já não me dou ao trabalho de tentar corrigir o engano. Para efeitos práticos, ao telefone chamo-me Sousa mais vezes do que Silva. Digamos que já se transformou no meu alter-ego telefónico.

Monday, April 23, 2007

Respeitinho

Podeis rir, mas com respeito. Porque, se um dia deixais de ser cuidadosos com o respeito, podeis perdê-lo a quem não o merece, do que resultariam enormes catástrofes sociais de que já vos falei amiúde nas minhas crónicas.

Friday, April 20, 2007

Muito à frente

Retiro da caixa de correio um aviso de entrega de uma encomenda que, explicam-me depois no balcão dos CTT, ainda não chegou.

A realidade é o que é

Conheço pessoalmente muita boa gente a ganhar pequenas fortunas sem nunca ter concluído o ensino superior. Alguns sem nunca o terem frequentado sequer. Tal como conheço muito boa gente com cursos superiores ou com frequência dos mesmos que ganha magros salários em funções para as quais não são necessárias quaisquer qualificações relevantes.
Isto não contraria o que se encontra na base da campanha das Novas Oportunidades. Apenas confirma que a estrutura do tecido produtivo nacional não valoriza convenientemente as qualificações como prova de competências adquiridas nem como instrumento de incorporação de mais-valia na actividade desenvolvida. Se pretendemos uma economia que algum dia queira ser competitiva à escala global, esta mentalidade que tem de ser alterada. Há vários passos a dar nesse caminho, mas algum terá de ser o primeiro.

A publicidade é o que é

Os cartazes alusivos à iniciativa governamental Novas Oportunidades têm suscitado alguma polémica. Serão simplistas, mas dificilmente a publicidade escapa a esse condicionalismo. Não são mais redutores, na forma como apresentam o seu tema, do que a esmagadora maioria do que se produz neste meio. Mais ainda, a publicidade não tem como função principal educar ou explicar, mas antes suscitar interesse, marcar presença, fazer-se notar.
Um quadro mais abrangente do tema, com dados concretos, como os que o Rui Pena Pires se deu ao trabalho de coligir, ajudaria a compreender melhor a questão. Mas, certamente, não funcionaria tão bem em outdoors publicitários.

Thursday, April 19, 2007

A Primavera

O Sol, o azul do céu, as temperaturas amenas, o voo rasante das andorinhas, a folhagem renascida das árvores, o desabrochar das flores, as lagartixas vivas que a gata trás para dentro de casa…

Wednesday, April 18, 2007

O inimigo interno

Os EUA conheceram, segunda-feira, o maior massacre de sempre num estabelecimento de ensino, do qual resultaram mais de 30 vítimas mortais, exactamente na mesma semana da publicação de um estudo sobre o controle da venda de jogos, DVD e música a menores. As restrições das autoridades nem sempre são cumpridas, mas, segundo o mesmo estudo, tem-se assistido a uma melhoria nesse sentido. Os jovens norte-americanos devem esperar cada vez mais dificuldades para aceder a conteúdos violentos. A outro nível, um controle cada vez maior é exercido sobre o tabaco e sobre os locais onde o fumo é permitido. As imagens de fumadores acantonados à porta dos edifícios onde trabalham, ou os exercícios de limpeza moralista, que vão desde as películas de Hollywood às bandas desenhadas, são disso um bom exemplo.

Há uns anos fui apresentado a um norte-americano, o qual, a meio da nossa amena conversa, decidiu mostrar-me as suas três cartas de condução. Uma era verdadeira e as outras duas, obviamente, eram falsificações que tinham como principal objectivo, através da alteração da data de nascimento, habilitá-lo a consumir álcool. Destas, segundo ele, uma delas estava superiormente conseguida, suscitando um inegável sorriso de orgulho.

Por mais que se queira, as pessoas encontram sempre uma forma de contornar as proibições. É impossível erradicar o crime das sociedades. Aliás, uma sociedade sem crime é uma utopia que talvez encerre mais perigos do que benefícios. Mas não deve ser por isso que se deve abdicar dessa luta. O próprio equilíbrio e coesão de um grupo social dependem do nível do seu sentimento de segurança e de aplicação da justiça.

Este tópico devolve-nos ao problema das armas num país como os EUA. Um dos fenómenos que os EUA parecem não conseguir controlar – e não querer consegui-lo – é o comércio de armas. Certamente, existem razões económicas e ideológicas por trás desta impossibilidade. Mas também não deve haver melhor definição do que é a influência de um grupo de pressão. A mesma sociedade que encara com tanto moralismo o conteúdo de filmes, músicas e jogos sanciona positivamente a posse de armas. Consegue mesmo a proeza de se alimentar da insegurança criada pela criminalidade violenta, associada às facilidades na aquisição de armas, para fomentar a compra por parte de indivíduos que, contra todas as probabilidades, pensam encontrar aí a melhor forma de se defenderem.

Sem dúvida, devemos questionar a génese e as consequências dos conteúdos violentos, especialmente junto dos mais novos. Mas ao focar a atenção quase exclusivamente nessa realidade, ignorando os perigos associados à facilidade com que se adquirem armas de fogo, falha-se clamorosamente o objectivo principal de impedir um maior número de crimes violentos. Em última análise, e isto é uma evidência tão grande que custa escrevê-lo, não são os jogos para consolas que matam; são as balas disparadas de revólveres e espingardas, tantas vezes comprados na mais perfeita legalidade.

Wednesday, April 11, 2007

O cidadão e a Segurança Social

Hoje precisava de uma informação da Segurança Social. Prevendo as dificuldades deste tipo de interacção com alguns departamentos públicos, pensei imediatamente em escrever um post e dar-lhe por título “O cidadão e a Segurança Social”. Contudo, dez minutos e três telefonemas depois, dispunha de todas as informações que necessitava. A coisa tinha-se resolvido bastante melhor do que eu esperava e o meu antecipado post de lamentação esvaziara-se.
Apesar da minha reduzida participação nos últimos tempos, a verdade é que não há praticamente nada de que não se possa espremer um post. Assim, gorada a lamentação, nasceu um post, exactamente com o mesmo título, sobre más expectativas no contacto com os serviços públicos, ainda que para admitir o erro desse cálculo.
Mas não se pode recriminar-me o pessimismo. Já uma vez passei cinco horas dentro de umas instalações da Segurança Social. É uma experiência que traumatiza para o resto da vida.

Tuesday, April 10, 2007

Correcção

Não fui eu que recordei o Patchouli (mesmo que tivesse sido, nunca o admitiria em público). Apenas disse que era inesquecível, e isso nem sempre deve ser interpretado como algo necessariamente bom.

Anda uma pessoa a construir cuidadosamente a sua imagem nos blogues, há não sei quanto tempo, para ser difamado assim, sem mais nem menos. Não há direito.

Monday, April 09, 2007

A Primavera é fauve


Henri Matisse, Canal du Midi, 1898

Wednesday, April 04, 2007

Classificados

Cavalheiro procura diário generalista de referência, que preze os princípios da objectividade, do rigor, da pertinência e do pluralismo, para relação de consumo séria.