Tuesday, August 29, 2006

A UE está preocupada, e bem, com a igualdade de oportunidades. Por isso, prepara-se para implementar uma campanha de sensibilização apostada em salientar a riqueza da diversidade, a qual deverá ser ainda suportada por uma cimeira europeia.

Uma das vertentes desta preocupação passa pela não discriminação em função da idade. O problema da discriminação etária não se resume ao mundo do trabalho. A discriminação etária é transversal aos mais variados campos das sociedades modernas. Talvez potenciada pela intensidade do ciclo de obsolescência e renovação das tecnologias, é bastante reconhecível uma atenção especial dedicada não só às novidades, mas também ao que é novo. A este facto não fica alheio o capital humano. De uma forma geral, as sociedades modernas não sabem como integrar os seus idosos, nem são capazes de elaborar estratégias de participação activa dos idosos no quotidiano. Não se trata apenas de uma exclusão ao nível laboral e de uma exclusão ao nível económico, mas antes de uma exclusão social alargada, de um afastamento dos circuitos de participação e de convivência social.

Há todo um paradigma que precisa de sofrer uma profunda alteração. Para um problema que assume estas proporções, uma campanha de sensibilização é muito pouco. Sobretudo se não se traduzir, e a experiência não nos leva a crer que o faça, em medidas concretas. O que se torna premente são estratégias vinculativas de inclusão, quer passem pelo fim da discriminação no local de trabalho, quer passem pela reconversão de equipamentos de apoio que funcionam como guetos sociais, quer passe pela simples obrigatoriedade de se equacionar os problemas de mobilidade que tantas vezes constituem uma barreira física e social para os idosos.

Há muito para fazer. A UE decidiu começar pela publicidade. Talvez pudesse ter começado melhor.