Tuesday, November 15, 2005

Nos meus tempos de adolescência ia ver com frequência os jogos mais importantes que o Benfica disputava na Luz. Alguns jogos europeus, também algumas equipas do meio da tabela, mas, sobretudo, os derbys contra o Sporting e contra o Porto. No final do jogo, já fora do estádio, acabávamos por passar quase sempre pelos membros das claques do Benfica, reunidos nas portas de saída dos apoiantes da equipa adversária, aguardando já devidamente munidos de pedras e garrafas prontas a voar mal se vislumbrasse o primeiro vulto. O resultado do jogo, a equipa adversária ou quem passava por aquelas portas não importava. Nunca importou. As pedras e as garrafas voaram sempre indiscriminadamente.

Também por essa altura era comum dar uma vista de olhos ocasional pelo Blitz. O Blitz tinha (talvez ainda tenha) uma secção alimentada pelas mensagens dos leitores. Havia colunas do jornal recheadas de insultos trocados entre fervorosos apreciadores de estilos musicais distintos. Gerava-se uma significativa interacção entre as pessoas que para lá escreviam, as quais demonstravam paciência suficiente para tolerar os intervalos de publicação entre provocação e contra-provocação, que podiam ser de várias semanas, mas sem a menor tolerância perante quem não partilhasse os mesmos gostos.