Nas cartas à mulher, Lobo Antunes vai repetindo (pelo menos nas primeiras cartas, mas acredito que o tom seja igual no livro todo) uma expressão curiosa. "Gosto tudo de ti", escreve ele, às vezes no término das missivas, às vezes pelo meio, como quem não quer perder nenhuma oportunidade de confessar o seu amor.
Lobo Antunes não escreveu "Gosto de tudo em ti" e, portanto, não é assim que eu o leio. O que ele escreve é um absoluto, uma plenitude. Gosta tudo o que se pode gostar de uma pessoa. Mero recurso de estilo ou algo mais? Está Lobo Antunes realmente convencido que atingiu o estado máximo do amor, e, portanto, também a sua finitude?
Friday, December 30, 2005
Thursday, December 29, 2005
O casal discute à porta do prédio. Ele, notoriamente preocupado, explica-se; ela vai ripostando enquanto a desilusão lhe cresce nos olhos. Falam uma língua estranha e é impossível decifrar uma única palavra do que dizem. O que, de resto, é perfeitamente desnecessário para compreender o que se passa.
Publicado por Miguel Silva às 15:18 |
Wednesday, December 28, 2005
Na sequência da comparação estatística entre Portugal e Espanha, gostaria que ficasse claro que, apesar de ter mudado de blogue, mantenho a mesma opinião.
Publicado por Miguel Silva às 22:44 |
Tuesday, December 27, 2005
Um dos noticiários de fim-de-semana revelou que este Natal se venderam muito bem televisores que custam milhares de euros. Ou é a retoma que aí vem, ou o país cansou-se de esperar e decidiu abrir os braços, e os bolsos, à alienação.
Publicado por Miguel Silva às 13:04 |
Monday, December 26, 2005
Friday, December 23, 2005
Thursday, December 22, 2005
O post sobre as preocupações de Cavaco com o desemprego tem gerado uma troca de comentários interessante, com actualização das estatísticas apresentadas.
Publicado por Miguel Silva às 14:27 |
- Estou?
- Estou... Não era para ti que eu queria ligar.
- Ainda bem porque agora também não posso atender.
- Até logo.
- Até logo.
Isto é o que se pode chamar, com toda a exactidão, sintonia no desencontro.
Publicado por Miguel Silva às 11:35 |
Wednesday, December 21, 2005
Gostei de ouvir Cavaco preocupado com o desemprego. Gostei tanto que fui procurar umas estatísticas ao INE. Em 1992, um ano depois de Cavaco alcançar a sua segunda maioria absoluta, havia quase 187 mil desempregados. Em 1995, o ano em que o PSD deixou o poder, o número de desempregados já correspondia a mais de 325 mil pessoas. Se não me falharam as contas, é um aumento superior a 70%.
Pelos vistos, foram precisos mais dez anos para que o ex-primeiro-ministro se começasse a preocupar com o desemprego. Mais vale tarde do que nunca. É pena que se preocupe tanto quando se está a candidatar à Presidência, onde pouco pode fazer pelos desempregados. Teria sido bastante melhor que demonstrasse essa preocupação toda quando teve meios para impedir a escalada do desemprego.
Publicado por Miguel Silva às 11:10 |
Tuesday, December 20, 2005
Uma pessoa consegue perfeitamente imaginar o tipo de velhice que vai ter quando, ainda antes dos trinta, de forma resignada, se recusa a levantar do sofá para não incomodar a gata que descansa pachorrentamente no seu colo.
Publicado por Miguel Silva às 10:56 |
Monday, December 19, 2005
O procurador dos Maias, quando João da Ega lhe revela que a mulher com quem Carlos da Maia tem mantido uma relação é, afinal, sua irmã, só consegue pensar na fortuna da família. "Que bolada!", vai repetindo o procurador Vilaça, preocupado com as partilhas.
Vilaça é o exemplo acabado daquele tipo de pessoas que, mesmo com os factos à frente dos olhos, por muito bem intencionadas que sejam, não vêem para além do acessório. Encontrando sempre quem não veja mais que eles, podem chegar muito longe.
Publicado por Miguel Silva às 23:42 |
A dominação masculina na sociedade vê-se, por exemplo, na discussão sobre a legalização da prostituição. A esmagadora maioria das opiniões dão como garantido que quem se prostitui são as mulheres e ponto final.
Publicado por Miguel Silva às 10:56 |
Sunday, December 18, 2005
Por uma porta aberta passa muita coisa. Por vezes apenas o frio.
Publicado por Miguel Silva às 00:41 |
Saturday, December 17, 2005
A equívoca libertação de Al Zarqawi pode acarretar dois tipos de leitura. Por um lado, a preparação das forças de segurança no Iraque deixa muito a desejar. Por outro, é um excelente exemplo para ser utilizado pelos adeptos da diminuição dos direitos, liberdades e garantias em favor do sucesso da luta contra o terrorismo.
Mais uma vez, a velha história dos fins e dos meios.
Publicado por Miguel Silva às 12:29 |
Um blogue, verdade seja dita, não chega para conhecer verdadeiramente a pessoa que o escreve. Mas chega para ficar com uma ideia. Umas vezes mais nítida, outras menos. Vai do que cada um quer dar de si quando escreve e do que se quer reter quando se lê.
Sempre que se volta a dizer que a blogosfera é uma descarga de azedumes de gente sem mais que fazer eu penso que devo andar a ler os blogues errados. Por onde eu passo o tom é sempre de respeito por quem lê e por quem escreve. Nestes dias houve um bom exemplo deste mesmo respeito mútuo (se não linko não é porque não o mereçam; são razões/manias que tenho com estas coisas, tenham paciência). Os que, de forma directa ou indirecta, nisso tomaram parte também por cá costumam passar e vão saber que são para eles estas palavras de apreço. A blogosfera ganha muito com pessoas assim.
E já que estamos nisto, aplicou-se há pouco tempo o adjectivo "cru" a propósito de determinados posts que aparecem, irregulares mas frequentes, num dos melhores blogues que por cá se escrevem (sem link, pelas mesmas razões/manias). Se isso é ser cru, eu confesso que, se algum dia tivesse de recorrer ao tipo de serviço profissional que presta o adjectivado, gostava de ter a sorte de apanhar profissionais tão crus como ele.
Vamos lá começar o fim-de-semana.
Publicado por Miguel Silva às 01:38 |